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Reference code
PT MRM AICMRM-F-001-0004
Title
Inácio Fiel Gomes Ramalho
Date(s)
- 1875 (Creation)
Level of description
File
Extent and medium
15 x 10 / digital
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Scope and content
Nasceu em Reguengos de Monsaraz no dia 24 de Abril de 1810.
Filho de Tomás Inácio Ramalho (ou Tomás José Inácio [Ramalho]?) e de Gertrudes Mariana, aprendeu as primeiras letras e ainda o latim na sua terra natal. Concluiu depois, já em Évora, o Curso de Humanidades. Aos quinze anos foi para o Colégio das Artes, em Coimbra, frequentar o Curso Preparatório para entrada na faculdade, onde ingressou no ano lectivo de 1826/1827, no Curso de Direito.
Liberal convicto, de ideias firmes, alistou-se em Junho de 1828 num dos Batalhões Académicos que se formaram em Coimbra, rumando até à cidade do Porto para combater pelos ideais do liberalismo e juntar-se às forças revoltosas que pretendiam dar luta ao absolutismo miguelista.
Depois de uma mal sucedida Belfastada (desembarque de nobres exilados liberais no Porto, vindos de Inglaterra a bordo do vapor Belfast com o intuito de tomar a cidade aos miguelistas) foi obrigado a exilar-se na Galiza. Daqui partiria depois para a Inglaterra onde viveu uns meses amontoado com largas centenas de compatriotas nuns barracões existentes na cidade de Plymouth, conhecidos por Depósito Geral, em condições péssimas. Só no início de 1829 Inácio Ramalho saiu de Plymouth rumando até à Ilha Terceira, onde se juntou a um núcleo de liberais que mantinha o regime constitucional e a realeza de D. Maria II. Desembarcou na Terceira em 14 de Fevereiro desse ano.
Sob o comando do Conde de Vila Flor e Duque da Terceira (Severim de Noronha) participou, a partir da Terceira, em expedições às restantes ilhas do arquipélago, em especial Faial, em 19 de Abril de 1831, e S. Miguel, em 30 de Junho de 1831, tendo nesta combatido valorosamente na batalha da Ladeira da Velha. Depois de todo o arquipélago estar controlado pelos liberais foi da Ilha Terceira que Inácio Fiel Gomes Ramalho partiu numa esquadra de mais de 50 navios comandada pelo almirante britânico George Rose Sartorius (aos quais se reuniria a fragata Rainha de Portugal, que transportava D. Pedro IV, então como Duque de Bragança pois abdicara, ainda no Brasil, a favor de sua filha), integrado num valoroso grupo de homens que ficou conhecido pelo nome de 7500 Bravos do Mindelo (do qual também faziam parte Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Joaquim António de Aguiar, também conhecido por Mata-Frades, e José Maria Rojão). Este exército libertador desembarcou nas areias de Arnosa de Pampelido (praias do Lavre), perto do Mindelo, em 8 de Julho de 1832. No dia seguinte, de manhã, era tomada a cidade do Porto, apanhando de surpresa as forças miguelistas.
Durante a reacção absolutista (Cerco do Porto, que durou de Julho de 1832 a Agosto de 1833), Inácio Fiel Gomes Ramalho foi o último combatente a abandonar a bateria da Lomba (uma das muitas baterias defensivas espalhadas na cidade do Porto) no dia 29 de Setembro de 1832, data escolhida pelos miguelistas para desferir um ataque feroz aos sitiados. Por este e outros actos de bravura foi agraciado com a Ordem da Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito, por decreto de 19 de Novembro desse ano, distinção que não quis receber alegando que “cumpria apenas o seu dever e isso lhe bastava”.
Integrou ainda a expedição de 2500 homens ao Algarve, onde desembarcou, entre Cacela e Montegordo, em 24 de Junho de 1833. Daqui partiu a incursão liberal através do litoral alentejano que culminaria na tomada de Lisboa em 24 de Julho desse ano, rezando a imprensa eborense que terá sido Inácio Fiel Gomes Ramalho a dar as salvas do castelo de Almada, após a vitória liberal na batalha da Cova da Piedade, às quais responderam outras do Castelo de São Jorge, em Lisboa, sinal de regozijo e de que se podia avançar para a capital.
Inácio Fiel Gomes Ramalho toma posse, em Reguengos, do cargo de Provedor do Concelho de Monsaraz – para que fora nomeado por alvará de 3 de Julho de 1834 da Prefeitura da Província do Alentejo, sendo Prefeito interino Joaquim António da Costa Sobrinho Conselheiro – em 8 de Julho de 1834 e na presença do então Presidente da Câmara daquela vila, Tomás José Inácio Ramalho (seu pai?). Após a extinção dos cargos de Provedor do Concelho (em 1835, surgindo então os de Administrador do Concelho) regressa à vida académica, em Coimbra, retomando a frequência do curso interrompida em 1828. Obteve em 30 de Junho de 1837 as cartas de Bacharel.
Tendo fixado residência em Évora, foi Secretário Geral do Governo Civil entre Dezembro de 1838 e Abril de 1839 e entre Julho e Setembro de 1846.
Foi Presidente da Junta Geral do Distrito por oito vezes.
Vereador da Câmara Municipal de Évora em 1840-41 e 1842-43, e também de 28 de Maio de 1845 a 24 de Setembro de 1846.
Em 24 de Novembro de 1846 e até 1855 volta a pertencer à Câmara Municipal de Évora, sendo Presidente em 1852-53 e em 1854-55.
Exerceu advocacia em Évora sendo “habilíssimo, muito conciso e d’uma humbridade de carácter onde não existia nódoa alguma” e “pelas consultas que os seus patrícios lhe faziam no seu escritório não aceitou nunca remuneração alguma”.
Foi pai de Tomás Fiel Gomes Ramalho, o qual foi bibliotecário na Biblioteca Pública de Évora.
Faleceu em Évora no dia 6 de Novembro de 1891.
Na acta da reunião da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz de 9 de Novembro de 1891, presidida por José Maria de Carvalho, pode ler-se, no seguimento do elogio do falecido e da manifestação de um voto de condolências à família, a seguinte proposta feita pelo senhor Vereador João Janes e aprovada por unanimidade:
“E em seguida o Sr. Vereador Jannes propôs também, em homenagem a esse grande vulto que deixou de existir e para perpectuar o seu nome n’esta terra que o viu nascer, que se desse ao Largo da Igreja, onde existe ainda a casa em que viu a luz do dia esse nosso illustre patrício, a denominação de Largo Dr. Ignácio Ramalho.”
[A.M.]
Filho de Tomás Inácio Ramalho (ou Tomás José Inácio [Ramalho]?) e de Gertrudes Mariana, aprendeu as primeiras letras e ainda o latim na sua terra natal. Concluiu depois, já em Évora, o Curso de Humanidades. Aos quinze anos foi para o Colégio das Artes, em Coimbra, frequentar o Curso Preparatório para entrada na faculdade, onde ingressou no ano lectivo de 1826/1827, no Curso de Direito.
Liberal convicto, de ideias firmes, alistou-se em Junho de 1828 num dos Batalhões Académicos que se formaram em Coimbra, rumando até à cidade do Porto para combater pelos ideais do liberalismo e juntar-se às forças revoltosas que pretendiam dar luta ao absolutismo miguelista.
Depois de uma mal sucedida Belfastada (desembarque de nobres exilados liberais no Porto, vindos de Inglaterra a bordo do vapor Belfast com o intuito de tomar a cidade aos miguelistas) foi obrigado a exilar-se na Galiza. Daqui partiria depois para a Inglaterra onde viveu uns meses amontoado com largas centenas de compatriotas nuns barracões existentes na cidade de Plymouth, conhecidos por Depósito Geral, em condições péssimas. Só no início de 1829 Inácio Ramalho saiu de Plymouth rumando até à Ilha Terceira, onde se juntou a um núcleo de liberais que mantinha o regime constitucional e a realeza de D. Maria II. Desembarcou na Terceira em 14 de Fevereiro desse ano.
Sob o comando do Conde de Vila Flor e Duque da Terceira (Severim de Noronha) participou, a partir da Terceira, em expedições às restantes ilhas do arquipélago, em especial Faial, em 19 de Abril de 1831, e S. Miguel, em 30 de Junho de 1831, tendo nesta combatido valorosamente na batalha da Ladeira da Velha. Depois de todo o arquipélago estar controlado pelos liberais foi da Ilha Terceira que Inácio Fiel Gomes Ramalho partiu numa esquadra de mais de 50 navios comandada pelo almirante britânico George Rose Sartorius (aos quais se reuniria a fragata Rainha de Portugal, que transportava D. Pedro IV, então como Duque de Bragança pois abdicara, ainda no Brasil, a favor de sua filha), integrado num valoroso grupo de homens que ficou conhecido pelo nome de 7500 Bravos do Mindelo (do qual também faziam parte Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Joaquim António de Aguiar, também conhecido por Mata-Frades, e José Maria Rojão). Este exército libertador desembarcou nas areias de Arnosa de Pampelido (praias do Lavre), perto do Mindelo, em 8 de Julho de 1832. No dia seguinte, de manhã, era tomada a cidade do Porto, apanhando de surpresa as forças miguelistas.
Durante a reacção absolutista (Cerco do Porto, que durou de Julho de 1832 a Agosto de 1833), Inácio Fiel Gomes Ramalho foi o último combatente a abandonar a bateria da Lomba (uma das muitas baterias defensivas espalhadas na cidade do Porto) no dia 29 de Setembro de 1832, data escolhida pelos miguelistas para desferir um ataque feroz aos sitiados. Por este e outros actos de bravura foi agraciado com a Ordem da Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito, por decreto de 19 de Novembro desse ano, distinção que não quis receber alegando que “cumpria apenas o seu dever e isso lhe bastava”.
Integrou ainda a expedição de 2500 homens ao Algarve, onde desembarcou, entre Cacela e Montegordo, em 24 de Junho de 1833. Daqui partiu a incursão liberal através do litoral alentejano que culminaria na tomada de Lisboa em 24 de Julho desse ano, rezando a imprensa eborense que terá sido Inácio Fiel Gomes Ramalho a dar as salvas do castelo de Almada, após a vitória liberal na batalha da Cova da Piedade, às quais responderam outras do Castelo de São Jorge, em Lisboa, sinal de regozijo e de que se podia avançar para a capital.
Inácio Fiel Gomes Ramalho toma posse, em Reguengos, do cargo de Provedor do Concelho de Monsaraz – para que fora nomeado por alvará de 3 de Julho de 1834 da Prefeitura da Província do Alentejo, sendo Prefeito interino Joaquim António da Costa Sobrinho Conselheiro – em 8 de Julho de 1834 e na presença do então Presidente da Câmara daquela vila, Tomás José Inácio Ramalho (seu pai?). Após a extinção dos cargos de Provedor do Concelho (em 1835, surgindo então os de Administrador do Concelho) regressa à vida académica, em Coimbra, retomando a frequência do curso interrompida em 1828. Obteve em 30 de Junho de 1837 as cartas de Bacharel.
Tendo fixado residência em Évora, foi Secretário Geral do Governo Civil entre Dezembro de 1838 e Abril de 1839 e entre Julho e Setembro de 1846.
Foi Presidente da Junta Geral do Distrito por oito vezes.
Vereador da Câmara Municipal de Évora em 1840-41 e 1842-43, e também de 28 de Maio de 1845 a 24 de Setembro de 1846.
Em 24 de Novembro de 1846 e até 1855 volta a pertencer à Câmara Municipal de Évora, sendo Presidente em 1852-53 e em 1854-55.
Exerceu advocacia em Évora sendo “habilíssimo, muito conciso e d’uma humbridade de carácter onde não existia nódoa alguma” e “pelas consultas que os seus patrícios lhe faziam no seu escritório não aceitou nunca remuneração alguma”.
Foi pai de Tomás Fiel Gomes Ramalho, o qual foi bibliotecário na Biblioteca Pública de Évora.
Faleceu em Évora no dia 6 de Novembro de 1891.
Na acta da reunião da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz de 9 de Novembro de 1891, presidida por José Maria de Carvalho, pode ler-se, no seguimento do elogio do falecido e da manifestação de um voto de condolências à família, a seguinte proposta feita pelo senhor Vereador João Janes e aprovada por unanimidade:
“E em seguida o Sr. Vereador Jannes propôs também, em homenagem a esse grande vulto que deixou de existir e para perpectuar o seu nome n’esta terra que o viu nascer, que se desse ao Largo da Igreja, onde existe ainda a casa em que viu a luz do dia esse nosso illustre patrício, a denominação de Largo Dr. Ignácio Ramalho.”
[A.M.]
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De acordo com a legislação em vigor.
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Minimal
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Archivist's note
Descrito por Duarte Galhós
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September 30, 2019 8:49 AM