File 0002 - José Pires Gonçalves

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PT MRM AICMRM-F-002-0002

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José Pires Gonçalves

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  • 1950 (Creation)

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15 x 15 / digital

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(1264 -)

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Nasceu em Torre de Coelheiros em 1 de Novembro de 1908. Aos 9 anos ficou órfão de pai e com essa idade mudou-se com a mãe para Évora, cidade onde fez os estudos liceais. Depois de um ano de preparação para o ingresso no ensino superior, feito no Porto, ingressou na Faculdade de Medicina de Lisboa. Após a formatura frequentou os Hospitais Civis de Lisboa e continuou a frequentar a Faculdade de Medicina, tendo ficado amigo de João Cid dos Santos, Juvenal Esteves, Castro Caldas e José Cutileiro (Pai), entre outros. Estabeleceu-se em Reguengos de Monsaraz, como médico de clínica geral, em 1938. Em 1947 aderiu ao MUD (Movimento de Unidade Democrática, organização política surgida em oposição ao Estado Novo em Outubro de 1945 e ilegalizada pelo regime em Janeiro de 1948 sob a acusação de ter fortes ligações com o Partido Comunista Português) tornando-se persona non grata do regime, tal como Fernando da Fonseca ou Azeredo Perdigão. Foi depois afastado de cargos da função pública durante anos, à semelhança do sucedido a Pulido Valente, Dias Amado, Prof. Celestino da Costa e muitos outros. Mais tarde foi-lhe permitido trabalhar no Hospital e nos serviços das Caixas de Previdência.
Do ponto de vista médico procurou sempre adquirir bagagem nas áreas de medicina mais importantes para um médico isolado no Alentejo. Tinha grande conhecimento das doenças infecciosas comuns e regionais. Praticava cirurgia de urgência não muito complicada, tratamento de traumatizados em acidentes com máquinas agrícolas e peritagem médica no Tribunal concelhio. Para isso mantinha-se extremamente actualizado como estudioso que era, não só assinando revistas como encomendando livros de Lisboa e de Londres, livrarias de que se tornou cliente de confiança.
Outra arte que muito lhe interessou dentro da medicina, por necessidades da população, foi a obstetrícia. Tinha dela um conhecimento actualizado o que conseguia frequentando diversos estágios no serviço do seu amigo e colega Prof. Castro Caldas, no Hospital de Santa Maria. Assim, no Anuário Estatístico de 1974, pode ver-se que Reguengos era um dos primeiros concelhos do país com maior número de partos medicamente assistidos.
Ainda estudante, a sua ligação à terra fá-lo começar a interessar-se pela história da região o que o leva a frequentar com assiduidade a Torre do Tombo da qual era director o ilustre paleógrafo e seu grande amigo Dr. João Martins da Silva Marques, que lhe faculta documentos importantes para a sua carreira de investigação como historiador. Por outro lado, o conhecimento de arqueólogos como o casal Leisner e, mais tarde, Afonso do Paço, influenciam o seu interesse pela arqueologia local.
Em 1962 publica uma das suas obras mais importantes: Monsaraz e seu termo: ensaio monográfico, repartido pelos números 2 e 3 do Boletim Anual de Cultura da Junta Distrital de Évora.
De toda a sua vasta obra publicada destacam-se ainda, por ordem cronológica:
• Castelo velho do Degebe (Reguengos de Monsaraz)
(Comunicação apresentada em conjunto com Afonso do Paço no 26º Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências, Porto, 1962)
• A Cuba de Monsaraz (Évora, 1964, separata do Boletim A Cidade de Évora, nº 47)
• Monsaraz: vida, morte e ressurreição de uma vila alentejana (Lisboa, Casa do Alentejo, 1966)
• A igreja velha de Santo António dos Reguengos (Reguengos, Palavra, 1966)
• A ermida românica de Santa Catarina de Monsaraz (Évora, 1969, separata do Boletim Anual de Cultura da Junta Distrital de Évora, nº 8, 1967)
• Menires de Monsaraz: arqueologia e história (Lisboa, 1970, separata dos Anais da Academia Portuguesa da História, IX Série)
• Murmúrios em torno da história de Reguengos (Reguengos, Palavra, 1970)
• Arte rupestre de Monsaraz (Paris, 1972)
In Arquivos do Centro Cultural Português da Fundação Calouste Gulbenkian
• Menires de Reguengos de Monsaraz
(Comunicação apresentada nas 2ªs Jornadas da Associação dos Arqueólogos Portugueses, Lisboa, 1972)
• Descrição económica e política da vila de Monsaraz (Évora, Palavra, 1975)
• Defesa e Solar do Esporão no termo de Monsaraz (Évora, 1975, separata do Boletim A Cidade de Évora, nº 58)
• Roteiro de alguns megálitos da região de Évora (Évora, 1975, separata do Boletim A Cidade de Évora, nº 58)
• A jazida arqueológica da Horta da Arraieira (Évora, 1978)
• Monsaraz da Reconquista (Lisboa, 1979, separata dos Anais da Academia Portuguesa da História, II Série, vol. 25)
• O papel de Giraldo Sem Pavor na reconquista cristã da Península no século XII (Évora, Nazareth, s.d., conferência apresentada em 1980 no Grupo Pró-Évora)
• Templários em Monsaraz
(Separata dos Anuários de Estudos Medievales do Conselho Superior de Investigações Científicas, nº 11 (Barcelona, 1981)
• Dramática Montaria Real nos matos do Guadiana no século XIII (Reguengos, Palavra, 1982)
• Uma fermosa montaria de Príncipes nos matos da Serra de Portel no século XV (Reguengos, Palavra, 1983. Reeditada na revista Calibre 12: revista do caçador português, em Junho de 1998)
Foi colaborador e grande amigo do jornal Palavra, desde o início. Foi ainda colaborador da revista de caça e pesca Diana, onde incluiu em diversos números artigos a propósito das pescarias que fazia com os seus amigos Primo José Prego e Jaime Quintas.
Pertenceu à Academia Portuguesa da História, como sócio correspondente, à Associação dos Arqueólogos Portugueses, ao Instituto Português de Etnografia Dr. Leite de Vasconcelos, à Associação Brasileira de Etnografia e Folclore, como sócio correspondente, e ainda ao Centro Camuno de Estudos Pré-Históricos de Itália (Capo di Ponte).
Já após a sua morte a família recebeu o programa de The World Archaelogical Congress – The 11th Congress International Union of Prehistoric and Protohistoric Science (Southampton, Londres, 1 a 7 de Setembro de 1986), para onde estava convidado a participar na mesa redonda Cultural Relationships and General Pobles: Ibéria, sendo o único português convidado para esta Secção.
O seu interesse por Monsaraz levou-o com vários amigos, entre eles Dr. Mário Perdigão Garcia da Costa, Capitão António Maria Caeiro, Abel Caeiro, José Fernandes Caeiro, Dr. Francisco Caeiro Queimado, José de Sousa Rosado Fernandes, Prof. Rosado Fernandes, Dr. António Bustorff Silva, Dr. Armando Perdigão, Miguel Lopes da Silva, Eng. Carlos Martins Pereira, Carlos Manuel M. Pereira, Pe. António Júlio Nogueira e Guilherme Gião, à fundação do Grupo dos Amigos de Monsaraz, em 1972.
Todo o interesse e amor por Monsaraz, a sua dama, os trabalhos publicados, uma “cruzada de evangelização cultural ao serviço do futuro de Monsaraz” como ele próprio referiu num relatório do Grupo dos Amigos de Monsaraz de 1972, valeu-lhe que Túlio Espanca a ele se referisse como sendo o Cronista de Monsaraz.
Como homem sempre foi caracterizado pela sua frontalidade tendo defendido amigos, quer comunistas no Tribunal Plenário da Boa Hora, quer homens de direita como o Dr. Bustorff Silva numa emissão da RTP. E, sendo um agnóstico, tinha no fim da sua vida uma das suas maiores amizades no Pe. Luís Lopes Perdigão.
Faleceu em Reguengos de Monsaraz no dia 4 de Fevereiro de 1984.
Foi homenageado postumamente em 1988 na Casa António Gião, em Reguengos de Monsaraz, perante numerosa assistência, numa iniciativa da Sociedade Portuguesa de Autores. Na mesa que presidiu à sessão marcaram presença Túlio Espanca, Pe. Luís Lopes Perdigão, Prof. Victor Gonçalves e Prof. Joaquim Veríssimo Serrão.
Foi agraciado postumamente com a Medalha de Benemérito da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz, em 2000.
[A.M.]

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